quinta-feira, 26 de julho de 2012

Mais de nós em nós mesmos

Nascidos e criados para acreditar que somos uma metade, e que vivemos em busca da outra metade (cara-metade). Ninguém é metade de ninguém, nos tempos atuais há ainda pessoas que se apropriam do direito de gostar de alguém como se este alguém fosse uma posse sua, e leva até os extremos este suposto 'direito' de posse, e acreditam com afinco nisso, que acham que a vida de ambos não pode mais prosseguir se não for juntos. Na era da informação, globalização, o que vemos ainda é um sentimento possessivo intitulado de amor.
Quando se ama, se quer estar juntos, fazer o bem, tornar a pessoa amada feliz. Tem que saber respeitar o direito do outro, entender que deixar a pessoa livre para escolher o que achar melhor, é uma demonstração de amor, carinho e afeto. Todos precisam de espaço, amar não é prender a pessoa, não é achar que não pode viver sem uma pessoa, que sua vida não é nada sem "fulano ou sicrano", que não faz sentido viver sem ele ou ela...amar alguém não deve ser uma necessidade pra viver, deve antes ser uma vontade, resultar sempre num bem para todos envolvidos.
A busca pela alma gêmea faz com que as pessoas passem a vida nessa procura sem fim, talvez, procurar entender a si mesmo, seja o caminho para a felicidade, pois passará a entender o que realmente precisa e gosta, e que quando querer alguém será pelo fato de querer estar junto, de fazer o bem, será um desejo de convivência e não uma necessidade de vida.
Amar sim, ser metade não, afinal, ninguém nasce metade pra passar a vida em busca de outra metade...deixar a pessoa livre não é falta de amor. Ame a si próprio em primeiro lugar, pois amores hão de vir e ir, mas você estará com "você" pra sempre, talvez a metade que nos falta seja entender e amar a nós mesmos.
Afinal, já dizia o poeta:
 "...E assim, quando mais tarde me procure...
...Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure."


Ilustração by JV Munduruca!